domingo, 29 de maio de 2011

Mulheres modernas?



(Um texto de Martha Medeiros)


'Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes.

Sou a Miss Imperfeita, muito prazer.

Uma imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado três vezes por semana, decido as refeições, levo os filhos no colégio e busco, almoço com eles, estudo com eles, telefono para minha mãe a noite, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, estudo, levo o carro no mecânico, providencio os consertos domésticos, participo de eventos e reuniões ligados à minha profissão, levo o cachorro passear e ainda faço escova toda semana - e as unhas!

E, entre uma coisa e outra, leio livros.


Portanto, sou ocupada, mas não uma workaholic.

Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.

Primeiro:a dizer NÃO.
Segundo:a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO.

Culpa por nada, aliás.
Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero.
Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.

Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros.

Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.

Você não é Nossa Senhora.
Você é, humildemente, uma mulher.
E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante.

Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável.

É ter tempo.



Tempo para fazer nada.
Tempo para fazer tudo.
Tempo para dançar sozinha na sala.
Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.
Tempo para sumir dois dias com seu amor.
Três dias.
Cinco dias!


Tempo para uma massagem.
Tempo para ver a novela.
Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.
Tempo para fazer um trabalho voluntário.
Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.
Tempo para conhecer outras pessoas.

Voltar a estudar.




Para engravidar... curtir os filhos.




Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.
Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.

Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.

Existir, a que será que se destina?

Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.

A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada.
Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.

Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.
Mulher é mulher, não pode parecer um homem!

Se o trabalho é um pedaço de sua vida, ótimo!
Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.
Mulher independente, fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir.
Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.



Desacelerar tem um custo.

Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C.
Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.

E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'.



(Martha Medeiros - Jornalista e escritora)

Texto enviado pela minha colaboradora: mamãe! rsrs



11 comentários:

  1. Li tudo viu?! rs' amei o texto ^^ resumindo nos somos tudo e mais um pouco rs'
    http://justlovethays.blogspot.com/

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  2. Oi Mi! Que bom que gostou, uma semana maravilhosa pra vc!

    Bjs

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  3. Simplesmente ameiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii principalmente no que se refere vender a alma para o diabo!


    Tem um post novo no blog falando de corset eu to na onda pin up rss, espero que goste quero saber a sua opinião flor!
    beijos

    Jana Pereira
    @blog
    www.rosaepinkbyjana.com

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  4. Lu, TUDO! Só dá pra descrever esse texto assim! Eu tenho cada dia mais praticado essa arte de dizer NÃO! Não quero, não posso, não vou... e isso realmente faz milagres!
    Beijos e uma otima semana.
    Kaká.

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  5. Ai que texto mais lindo! Amei!! Achei seu blog por acaso e estou seguindo!! Pena que vc não é de Floripa!! Se não já viraria cliente!!
    Passa lá no meu blog e me segue tb! Beijão

    www.prof-nahalia.blogspot.com

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  6. jana!! Que bom que gostou, é sempre bom refletir sobre o assunto ne! Já vou lá praa conferir o post!!! beijo

    Kaká: eu acho que esse é mesmo o ponto fundamental e também o mais difícil de adotar... quando aprendemos a priorizar e dizer não , conseguimos mais tempo pra nós, pra vivermos mais plenamente e sermos mais felizes...

    Nathalia: fiquei super feliz que gostou e que está seguindo! Eu amoooo Floripa, queria morar aí! Quem sabe hein!!! Já vou lá no seu Blog!!

    Bjs

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  7. adorei o texto! mas é fogo tb. Fazer escolhas num mundo tão consumista, tão cheio de cobranças e onde mulheres ainda (mulheres maravilha) ganham menos.O complicado não é a unha lascada pq não foi a na manicure aquela semanam o cabelo sem cortar aquele mes. O ruim é qdo percebemos q para ter o essencial para sobreviver ja custa muito. Um pais tão caro qto o nosso. Eu tenho consciencia de qto o trabalho (muito mesmo), sei que pago esse tempo workaholic com a falta de tempo na mesa do restaurante, conversas com amigos,os dias que falto na academia e "n" coisas. Já fui muito mais desta forma. Hj, desligo o celular ou mesmo não atendo qdo me da na telha. (tb se paga nisso)Eu estou em busca da minha vida perfeita que nada mais é ter tudo no seu tempo. Aprendendo a dizer não depois das 6 e treinando pra nao ficar com a consciencia pesada. Otimo texrto lu! Parabens pra ti e sua mae! bjs

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  8. Nossa não é facil mesmo. Eu acho muito dificil dizer não. Muito difícil deixar de fazer algo de trabalho pra fazer algo pessoal. Eu atendo desde as 7 da mnhã ( já foi pior antes atendia 6 e 30!!) e até as 20 hs ( também já foi pior!). E até hoje tenho que respirar fundo pra dizer a alguma cliente que não tenho horário quanod na agenda está minha manicure, ou academia, ou algum compromisso com amigas, marido, e até mesmo dentista. Várias vezes desmarquei essas coisas e disse "sim" para a cliente que queria horário.
    E não vou ser hipócrita: faço isso porque preciso do dinheiro pra pagar minhas contas e bancar meu nível de vida. Claro que eu amo o que eu faço e muitas vezes vou prao consultório meio triste com algum problema pessoal e quando começo a trabalhar já me animo e fico melhor, porque realmente eu amo minha profissão.

    Mas se pudesse trabalhar só pelo amor que tenho pelo que faço, poderia atender de segunda a sexta e em determinados horários e não full time como faço (porque preciso).

    Agente ás vezes estabelece pra si um padrão de vida alto e cheio de coisas para consumir e depois temos que trabalhar feito louca para manter isso. E a vida passa, a juventude passa, as pessoas passam...

    Affe preciso de um terapeuta urgente kkkkk

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