No início do ano, final de fevereiro/ início de março para ser mais exata, tive um surto repentino e dramático de acne. Eu não mereço, ninguém merece... A essa altura da vida, me preocupo em evitar os sinais do tempo e não as espinhas.... Mas enfim, aconteceu. Por diversos fatores, principalmente emocionais. E de emocional para hormonal é um pulinho. E nós mulheres "não temos o direito" de ter flutuações hormonais bruscas, sob a pena de vermos piorar tudo de ruim que existe no universo estético feminino (celulite, acne.. etc etc etc).
O arsenal estético disponível é vasto, mas não foi suficiente para controlá-la. Foi necessário o controle dos hormônios androgênicos (causado, no meu caso, pelo stress emocional).
O objetivo principal do tratamento foi a oposição dos efeitos dos androgênios nas glândulas sebáceas, utilizando bloqueador dos Receptores de Androgênios, no meu caso a Espironolactona e o anticoncepcional oral (bloqueador de hormônio androgênio ovariano), o Yaz®.
A Espironolactona tem sido usada no tratamento da acne e do hirsutismo há mais de 20 anos. Atua como bloqueador dos receptores de androgênios esteroidais, competindo com a testosterona e a dihidrotestosterona pelos mesmos, reduzindo a proliferação de sebócitos induzida pelos androgênios. Também inibe a síntese de androgênios pela inibição da 17beta-hidroxiesteróide desidrogenase, que converte a androstenediona em testosterona. Todas essas ações resultam em uma redução de 30-50% na produção de sebo.
A eficácia da espironolactona foi estabelecida em diversos estudos que demonstraram melhora em 50-100% das mulheres tratadas. As dosagens nesse estudos variaram entre 100-200mg/dia, porém doses menores (50-100mg/dia) também produzem efeitos clínicos com menores taxas de efeitos adversos.
Os efeitos adversos da espironolactona são dependentes da dose empregada, e incluem: irregularidades menstruais (metrorragia, amenorréia, sangramento de privação), aumento mamário e mastalgia, sintomas neurológicos (letargia, cefaléia, tonteira), hipotensão ortostática, hipercalemia e redução da libido. Muitos pacientes apresentam pelo menos um efeito colateral, na maioria das vezes não sendo suficiente para interromper o tratamento e podendo ser controlados com o uso concomitante de ACO. Uma das conseqüências mais temidas é a hipercalemia. O monitoramento do potássio sérico é opcional, porém recomendado em mulheres idosas com comorbidades ou doenças cardíacas. Outra importante preocupação é o risco de hipospádia e femininização do feto masculino, quando ocorre exposição pré-natal. Por isso, recomenda-se o uso de ACO concomitante. Não foi confirmada associação da espironolactona com o risco de câncer de mama.
Os anticoncepcionais orais contém estrogênio (geralmente o etinil estradiol) e uma progestina para reduzir o risco de câncer endometrial associado ao uso de estrogênio isolado. As primeiras formulações continham doses altas de estrogênio, da ordem de 100-150mcg, associando-se a risco aumentado de doença tromboembólica, acidente vascular encefálico e infarto do miocárdio. Assim, as novas formulações contêm doses menores, da ordem de 20-35mcg de etinil estradiol.
Esses agentes reduzem a síntese de androgênios e sebo, pela inibição do LH e do FSH, suprimindo a ovulação e a síntese ovariana de androgênios. Além disso, os níveis circulantes de testosterona são reduzidos pelo aumento da globulina de ligação a hormônios esteróides. Muitas progestinas têm a capacidade inerente de interagir com os receptores androgênicos, podendo piorar a acne, o hirsutismo e a alopecia androgenética. No entanto, a nova geração de progestinas (desogestrel, norgestimato e gestodeno) apresenta pequena atividade androgênica intrínseca. Um dos desenvolvimentos mais recentes é a progestina drospirenona, que possui atividades anti-androgênica e antimineralocorticóide.
Uma dose de 3mg de drospirenona equivale a 25mg de espironolactona. Acredita-se que qualquer ACO possa ser usado no tratamento da acne, porém alguns foram melhor estudados especificamente nesse contexto, incluindo a ciproterona (Diane®, Dianette®), levonorgestrel (Triphasil®, Alesse®), norgestimato (Ortho Tri-Cyclen®), desorgeterol (Desogen®), drosperinona (Yasmin®, Yaz®) e diacetato de etinodiol (Demulen®).
A ciproterona, quando associada ao estrogênio, leva à redução das lesões inflamatórias em 50-75%. O levonorgestrel foi associado a redução de 75% nos comedões e de 50% nas lesões inflamatórias. O norgestimato demonstrou redução das lesões inflamatórias em 50-60%, em dois estudos grandes, bem como diminuição na contagem de lesões totais. O desogestrel isolado foi associado ao desaparecimento da acne em 80% das mulheres que fizeram uso do medicamento. O Yaz® foi aprovado para tratamento da acne, em 2007, com base em dois estudos randomizados, multicêntricos e controlados com placebo, que demonstraram redução de 42-46% na contagem de lesões totais.
Efeitos adversos mais comuns incluem náusea, vômitos, sangramento de privação, ganho de peso e mastalgia. Esses efeitos costumam se resolver após os 3 primeiros ciclos. Outros possíveis efeitos adversos são alterações de humor, melasma e queda do desejo sexual. O perfil de efeitos adversos é mais favorável com as formulações mais novas. As contraindicações ao uso de ACO são:
Doença cardiovascular pré-existente, pressão arterial elevada (160/100mmHg), angina pectoris, doença valvar cardíaca complicada
História prévia de eventos tromboembólicos ou tendência familiar à formação de trombos, ou cirurgia grande com imobilização prolongada
Sobre o tratamento estético utilizado:
Cosméticos:
Sabonete Dermovitin Control - Galderma
Adstringente da linha 3 passos Clinique - 2
Dia: mantive meu sérum antiage, Visionnare- Lancôme
Noite: Gel on a Clear day, Philosophy
Filtro solar: Anthélios AC Helioblock- FPS 40 alta proteção antibrilho- fluide extreme - La Roche Posay
Secativo (apenas nas lesões): Nixoderm - Hertz
Máscara argila branca Biotherm
Tratamentos estéticos:
Luz Intensa Pulsada
Peeling de Diamantes
Microdelivery Peel (Vit C e Ac. Salicílico) - Philosophy
Boa notícia: Melhorou demais!! Má notícia: Finalizei o tratamento e continuei com a causa emocional/hormonal e adivinhem?? Voltou tudo, e eu estou muito triste... mas vou começar todo o tratamento novamente . Dessa vez associando técnicas de relaxamento , meditação , yoga e se tiverem alguma outra sugestão estou aceitando! :)
Então é isso queridas (os)... por favor , não se esqueçam que para a terapia medicamentosa (hormonal) é imprescindível a consulta ao seu dermatologista e /ou ginecologista.
Um beijo bem grande
Lu
P.S : Utilizei informações das bulas dos medicamentos para algumas das informações sobre a Espironolactona e os ACO's.
Lu, eu já passei por isso quando eu tinha 26 anos. Mas a única coisa que me adiantou foi o Roacutam...e com muito menos efeito colateral que os ACO. Na verdade o Roacutam é o único remédio que reduz a oleosidade da pele para sempre. Tenho 30 anos, passei por estresses semelhantes ao daquela época e nadinha de acne!
ResponderExcluirbjs,
Renata
Oi Luciane! eu tenho 44 anos e o rosto e pescoço lotado de acnes, de todos os tipos e graus. Desde a adolescencia eu trato, mas não tem solução. Eu já tratei com Aldactone e aco, fez um efeito incrível. Também já tomei antibiótico específico para acne, melhora, mas volta. Só não tomei o Roacutam ainda, por falta de coragem. Estou decidida a voltar a tomar Aldactone e Yaz. Agora lendo seu post fiquei mais animada. Obrigada!
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